domingo, 13 de março de 2011

Voluntariado em Dili


Diferente do que estou acostumada no Brasil, aqui em Dili, o serviço “intensivo”em neonatologia chama-se Enfermaria de Perinatologia. Nela são atendidos bebês de todos os distritos de Dili que se encontram em situação crítica e que precisam de atendimento especializado.

Com o grande auxílio de duas médicas cubanas (os médicos de Cuba compõem a maioria do corpo clínico do Hospital Nacional Guido Valadares) a unidade acolhe todos os bebês que chegam até ela e proporciona a assistência que é possível, dentro das suas condições.

Logo que chegamos iniciei o trabalho voluntário na enfermaria junto aos bebês, trabalho que adoro fazer, e que desde então tem sido uma grande experiência aqui.

O começo foi chocante, senti uma enorme sensação de pena, revolta e impotência.  Mas aos poucos fui me conformando e enxergando a realidade deles,  entendendo que seus  funcionários fazem o que pode ser feito dentro do que eles sabem, dos conceitos de saúde, de higiene, de organização e de assistência que eles aprenderam (que podem não ser os mesmos que eu aprendi).

A escassez de equipamentos é  grande assim como as limitações para realização de procedimentos mais complexos ou invasivos. Além disso, há a questão da diversidade linguística (as médicas falam espanhol; os funcionários falam em tétum e escrevem seus relatórios em bahasa indonésia mas também compreendem o espanhol e o português; os pacientes geralmente falam tétum ou bahasa indonésia, alguns compreendem português, outros não), diversidade essa que não impede que os tratamentos sejam realizados, mas dificulta a dinamização do serviço e a comunicação/orientação entre médicos, enfermeiros e pacientes. 

Mesmo com todas essas dificuldades a grande maioria dos bebês que lá adentram tem sucesso em seu tratamento. Os prematuros são os que ficam mais tempo, às vezes meses, sempre acompanhados pela mãe ou algum familiar em tempo integral, até que ganhem peso suficiente para voltarem as suas casas.

Até irmos embora de Timor, terei realizado lá cerca de 270 horas de trabalho voluntário. Apesar de todo o serviço, não posso negar que sairei daqui com uma sensação de "missão incompleta" / trabalho não acabado,  por não ter conseguido ajudar a melhorar aquele serviço e mudar determinadas coisas da forma como eu gostaria, mas sem dúvida nenhuma está sendo uma experiência rica e única em minha vida profissional.












Dr. Niola


turma no plantão

Dr. Cecília - minha companheira

 Emerita e seu bebê.
Já estão há cerca de um mês na enfermaria. Agora seu bebê está pesando 1,400gr e em breve poderá ir para casa





Um comentário:

  1. A Fran e seus bebês!!! Nem gosta neh Fran!!???rsrs A realidade deles deve ser diferente mesmo, mas com certeza vc fez a diferença lá!!! Bjossssss...

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